24 June, 2011

Diferentes em quê?!




[Imagem: 'Web']



(…) À porta de um dos hospitais públicos de Atenas existe um canteiro com quatro arbustos. No quadro do hospital contam-se 45 jardineiros. Na Grécia ainda existe o Instituto para a Protecção do Lago Kopais, apesar de o Lago Kopais ter secado em 1930. As filhas dos funcionários públicos gregos falecidos enquanto estas ainda eram menores recebem uma pensão vitalícia (…)

(…) depois de o país ter aceite reduzir os salários dos funcionários públicos para conseguir os primeiros empréstimos, vários membros do Governo criaram novos suplementos remuneratórios sem informarem o ministro das Finanças. E se o Parlamento grego passou rapidamente as principais leis exigidas pelo acordo com a 'troika', um ano depois falta a maioria dos decretos regulamentares (…)

(…) convinha-nos perceber que o mal grego começa por não ter respeitado o plano de austeridade, ao contrário do que nos repetem as carpideiras da reestruturação da dívida (…)

(…) era também bom que percebêssemos que, sendo Portugal diferente da Grécia, não é assim tão diferente como isso. Basta vermos o que vem no último relatório da Inspecção-Geral de Finanças.

Por ele ficámos a saber que o Ministério da Justiça pagou 165 mil euros a magistrados já falecidos; que quase um terço dos bolseiros que receberam apoio para o seu doutoramento em 2009 “não cumpriram a obrigação de envio de cópias das teses” e a entidade que atribuiu o dinheiro não suscitou “a sua regularização”; que em dois anos foram canalizados 270 milhões de euros para fundações declaradas de utilidade pública; que da análise de 46 contratos de consultadorias resulta que é rara a justificação da necessidade de contratar; ou ainda que existiam 28 900 veículos em nome do Estado em Agosto de 2010, cálculos feitos por baixo, e que a sua aquisição não tem cumprido os critérios de boa gestão. Entretanto também soubemos que o Tribunal de Contas apurou ter o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados [pai de um ex-secretário de Estado] recebido 59 mil euros a mais por acumulação indevida de pensões (…)

[José Manuel Fernandes, no 'Público']