26 May, 2011

Ventos da História



(…) o Euro tornou-se, em dez anos, uma moeda forte, que enfrenta o dólar com enormíssima facilidade, num momento em que o dólar cada vez mais tem dificuldade de se impor como moeda de referência no sistema mundial de agiotagem. Quando os Franceses quiseram pôr o petróleo a ser negociado em francos franceses, atiraram-lhes para cima o Maio de 68, que os pôs a rastejar uma década. Quando o Xá quis fugir ao dólar, lançaram-lhes para cima o horror do Islamismo, que bem caro estamos a pagar hoje. Quando Saddam Hussein sugeriu que o petróleo fosse vendido em euros, inventaram as armas químicas e um genocídio sem fim. Agora que, no horizonte, se perfila a força do Yuan, o ataque ao Euro tornou-se tão brutal e evidente que só os ceguinhos da cauda da Europa insistem em chamar-lhe... "crise" (…)




(…) Costuma dizer-se que há os ventos da História, e há: eles são como as bruxas. A diferença é que, agora, são descarados, e voltamos ao célebre broche de Strauss-Kahn: toda a gente sabia que o homem, como qualquer mente masculina normal, adorava cenas clandestinas de hotel. Até aí, nada de mal, porque os europeus sempre foram favoráveis a esses actos. Os americanos, em contrapartida, à frente de uma das mais dissolutas nações da História, adoram o toquezinho puritano, muito mais do que o toquezinho rectal. Acontece que, para mim, sempre que há uma acusação que meta sexo fico logo desconfiado, e sei logo que nasceu dos sectores ultraconservadores de quem manda, por detrás, na América (…)

(…) Quando quiseram queimar o Assange, também lhe inventaram imediatamente uma "violação" de suecas (!), quando toda a gente sabe que a possibilidade de uma sueca ser violada é igual à de nadar no Sahara. Quanto ao Strauss-Kahn, como dizem os franceses, "on l'a carressé au sens du poil", ou seja, deram-lhe uma cenário para actuar como gostava. Caiu que nem um patinho (…)

[Publicado pelo 'Arrebenta']
[Imagem: 'Web']