25 November, 2011

Perfeitamente




[Imagem: 'Web']



(…) a má-fé de Maria João Brilhante, e em geral da gente do teatro, que ficou muito indignada com o Governo e com quem aprovou a redução dos subsídios e a demissão de Diogo Infante, como se os subsídios fossem intocáveis e o teatro merecesse um respeito especial, que não merecem, por exemplo, a saúde, o funcionalismo público ou as pensões (…)

(…) Passos Manuel, Garrett e também Herculano fundaram o D. Maria [o edifício é do "cabralismo"] precisamente para criar esse público e uma dramaturgia nacional. Não é segredo - e eles próprios se queixaram - que a experiência foi um duplo fracasso. A burguesia, ao contrário da burguesia francesa e até da espanhola, preferia o circo e o teatro popular; e a dramaturgia era imunda e desapareceu. Só 'Frei Luís de Sousa' acabou por ser adoptado como um "clássico". O que não chegava para uma companhia nacional. Durante o século XIX inteiro e a seguir, no século XX, o D. Maria atormentou os governos, que oscilavam entre o desprezo universal por aquela vergonha viva e a impossibilidade política de a extinguir. Basta ler os jornais do tempo para verificar. Claro que Maria João Brilhante finalmente mudará a história, se o Estado lhe der dinheiro (…)

[Vasco Pulido Valente, no 'Público']